
O olhar humano em torno da realidade objetiva e subjetiva do mundo, dos fenômenos e do indivíduo a muito se perdeu nas condutas ditas morais; a política da Vossa “santidade” camuflou o que não deveria ser jamais esquecido no que diz respeito à alma humana: sua natureza oposta e compensatória.
“A psique primitiva ainda não se conhecia a si mesma. Esta consciência só se formou no decorrer da evolução, que em parte prolongou-se até os tempos históricos. [...] Ela orgulha-se, e não pouco, dessa sua libertação do inconsciente. Em compensação, tornou-se presa aos conceitos verbais criados por ela mesma. [...] Podemos, com efeito, ser tão dependentes das palavras quanto do inconsciente – e de fato também o somos”. (OC, 11/3, p. 110, C.G.Jung)
O medo do homem civilizado hoje em dia é cometer uma heresia, e com isso, anula uma parte da sua alma em troca de um gozo em torturar aqueles que perante a sociedade são considerados fora dos padrões normais de conduta. Esquecemos que é a partir de todas as relações que construímos nossa própria história. A sombra coletiva está a muito cheia de conteúdos obscuros que a consciência coletiva não deixa de forma alguma emergir. Mas, simbolicamente, o que isso nos sugere? Acredito que é mais uma tentativa de refúgio de nós mesmos do que de adesão à lei moral. Jung postulou uma vez que o contrário do amor não é o ódio, mas sim, a vontade de poder. O poder, meus caros, foi o que moveu o mundo desde os tempos mais imemoriais até os dias de hoje. É o poder que faz com que esquecemos a nossa própria essência. Mas o poder não pode não existir, ele é necessário. E está aí o conflito!
O que realmente nos falta é o entendimento da nossa própria natureza, é a experiência luminosa, é o olhar fenomenológico do outro e consigo mesmo. O filme “ Os miseráveis”, baseado na obra de Victor Hugo é um retrato maravilhoso para expressar tudo o que foi exposto nesse texto. Jean Valjean e Javert são duas atitudes totalmente compensatórias no filme, o primeiro, imagem de amor e misericórdia e o segundo de poder.
Esse texto foi apenas uma reflexão baseada no texto de Felipe Pondé, publicado hoje na Folha de São Paulo.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/1255337-o-gozo-da-pulsao-de-morte.shtml
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