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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Um pequeno e simples esboço dos três niveis psíquicos.



Falar das etapas da vida humana e de sua construção que visa um sujeito subjetivo e singular é uma tarefa difícil, pois envolve todo o caráter multidimensional e dinâmico de suas estruturas e de sua vida psíquica que provém do nascimento até a morte, etapa ultima na estância do desconhecido. A psicologia analítica visa à construção de um saber que priorize a totalidade do indivíduo a partir de suas experiências e da dinâmica ambivalente através da compensação dos opostos existentes na própria estrutura dinâmica da alma humana. A personalidade não é algo petrificada, mas está em contínua construção a partir de suas experiências e de sua responsabilidade consigo para construir uma identidade sólida e aceitar sua própria existência a partir de sua própria natureza. Jung em seu livro “A natureza da psique” visou tratar o indivíduo a partir de uma leitura fenomenológica de suas experiências com certos problemas acometidos durante o desenvolvimento do indivíduo, ou seja, a partir de coisas que são difíceis, questionáveis e ambíguas. Jung afirmava:



“Pelo contrário, trataremos apenas de certos problemas, isto é, de coisas que são difíceis, questionáveis ou ambíguas; numa palavra: de questões que nos permitem mais de uma resposta – e, além do mais, respostas que nunca são suficientemente seguras e inteiramente claras” (A natureza da psique, XVI – as etapas da vida humana, pág. Xx)







A partir dessa leitura, é possível perceber que abarcar todos os fenômenos a respeito da alma humana é uma tarefa quase impossível; embora os fenômenos psíquicos seja uma parte do mundo é difícil apreender todos os fenômenos que emanam da alma.  Os fenômenos que podemos experimentar diretamente são os conteúdos da consciência humana. A consciência humana é aquela que rege as percepções sensoriais dadas pelos órgãos dos sentidos na medida em que o individuo vai experienciando o mundo, porém ela não deduz o que os fenômenos sejam em si (essência), pois isto é uma tarefa do processo de apercepção, no qual é extremamente complexa e tem um caráter extremamente psíquico. Existem também certos conteúdos da experiência que transcendem a nossa percepção sensorial e que a existência psíquica desses conteúdos somente é acessível por via indireta, nos quais podemos observar claramente esses conteúdos através dos sonhos. Nos estados patológicos podemos também encontrar exemplos visíveis da existência de uma atividade psíquica que foge da consciência do individuo, e por conta disso estamos certos em falar que a alma também possui uma estrutura inconsciente. Jung a partir de suas observações, experiência e estudos pode aprofundar mais o seu conhecimento da alma humana e distinguiu três níveis psíquicos, a saber: 1) consciência; 2) inconsciente pessoal que são conteúdos que perderam suas intensidades e por isso caíram no esquecimento imediato, seja porque a consciência se retirou deles devido a um conflito dos conteúdos (repressão) e, depois, conteúdos que nunca estiveram na consciência devida a sua baixíssima intensidade e 3) o inconsciente coletivo, que como herança imemorial e atemporal com várias possibilidades de representação, porém não sendo de caráter individual, mas universal, esta contido os arquétipos e os instintos e a partir de sua estrutura constitui a verdadeira base do psiquismo individual.



O inconsciente coletivo como sendo atemporal e universal é extremamente difícil formular um conhecimento concreto a respeito de sua estrutura e dinâmica e o que podemos é apenas supor explicações. Porém, a mitologia é uma espécie de projeção do inconsciente coletivo, nos quais seus conteúdos experienciados foram constelados e projetados nas lendas e nos contos de fadas ou em personagens históricos e principalmente podemos percebê-lo nos elementos religiosos. Jung ao falar dos arquétipos em seu texto “A estrutura da alma” afirma:



“As condições psicológicas do meio ambiente naturalmente deixam traços místicos semelhantes atrás de si. Situações perigosas, sejam elas perigos para o corpo ou ameaças para a alma, provocam fantasias carregadas de afeto, e na medida em que tais situações se repetem de forma típica, dão origem a arquétipos, nome que eu dei aos temas místicos similares em geral”.





O inconsciente coletivo é um repositório de todas as experiências humanas desde os tempos mais imemoriais, porém, é um repositório vivo e criativo que impulsionam também o indivíduo a seguir seu próprio caminho mesmo que seja invisível a sua percepção. O inconsciente é também a fonte dos instintos, visto que os arquétipos são as formas através das quais os instintos se expressam na vida psíquica do individuo. É a partir da fonte dos instintos que a psique é criativa; e por isto mesmo, o inconsciente não é apenas histórico, mas gera também um impulso criador; impulso esse que será expresso pela consciência individual que é de extrema importância para a constituição do individuo, pois é a partir dela que o homem se torna consciente não apenas de sua vida exterior, mas também da vida interior. A consciência é responsável por todas as adaptações e orientações da vida do homem, e por isso o desenvolvimento do homem pode ser comparado com a sua orientação no espaço. O inconsciente pelo contrário, é a fonte de todas as energias instintivas da psique e contem as formas ou categorias que as regulam, que são os arquétipos.

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