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terça-feira, 26 de março de 2013

O Unus Mundus

O mundo possui sua própria representação psíquica que é intríseca. A idéia de um blogger com o título Unus Mundus (mundo unitário), parte da tentativa humilde de minha pessoa, abrandir a consciência humana a partir desse conceito muito explicitado na Psicologia Analítica. Porém, para um melhor entendimento do termo devemos fazer um retorno epistemológico que preencha de sentido e existência o conceito exposto. 

O conceito de Unus Mundus, surge na Idade Média e é uma variação histórica do conceito moderno desenvolvido por Carl Gustav Jung de inconsciente coletivo. O unus mundus se manifesta nos fenômenos sicronísticos da vida. É uma experiencia "multipla unificada", ou seja, são relações dialéticas entre os eventos externos e internos simultaneamente, produzida em união com o inconsciente coletivo, através dos arquétipos. 

Esse conceito está ligado ao processo de individuação, no sentido de que, a realidade externa (consciencia - EGO) e a realidade interna (SELF) se tornam uma só meta. A partir desse estado se obtem uma espação significativa da consciencia individual, juntamente com uma diminuição da itensidade do complexo do ego. As imagens arquetípicas agem com maior fluidez no desenvolvimento da psique humana. 

Marie-Louise von Franz comenta que: "no ponto final do desenvolvimento (o estágio final do processo de individuação), os mestres zen estão em tal harmonia com o inconsciente coletivo que se comunicam entre si subliminarmente; eles, por assim dizer, estão juntos no unus mundus"
Em seu entendimento este é um estágio do desenvolvimento que o homem atinge quando se aproxima da morte.  

Como Jung costumava afirmar:

"A sincronicidade possui certas qualidades que podem ajudar-nos a esclarecer o problema corpo-alma. É sobretudo o fato da ordem sem causa, ou melhor, do ordenamento significativo que poderia lançar alguma luz sobre o paralelismo psicofísico. O 'conhecimento absoluto', que é característico dos fenômenos sincrônicos, conhecimento não transmitido através dos órgãos do sentido, serve de base à hipótese do significado subsistente em si mesmo, ou exprime sua existência. Esta forma só pode ser transcendental porque, como no-lo mostra o conhecimento de acontecimentos futuros ou espacialmente distantes, se situa em um espaço psiquicamente relativo e num tempo correspondente, isto é, em um contínuo espaço-tempo irrepresentável".
O conceito de "conhecimento absoluto" não está associado a nenhum processo cerebral e explica porque as coisas tendem a coincidir num mesmo momento. Jung relacionou esta forma 'ordem arquetípica' e sincrônica com o antigo conceito de Tao:

"Segundo a concepção chinesa, há uma 'racionalidade' latente em todas as coisas [grifo meu]. Essa é a idéia fundamental que se acha na base da coincidência significativa [sincronicidade], que se torna possível porque os dois lados possuem o mesmo sentido. Onde o sentido prevalece, aí resulta a ordem [grifo meu]:
"O sentido [Tao] é a simplicidade suprema sem nome.
[...] O Tao não opera,
E, no entanto, todas as coisas são feitas por ele.
Ele é impassível,
E, no entanto, sabe planejar.



Esta racionalidade latente corresponde ao que Jung chamava de unus mundus. Essa experiência de realidade unitária, de acordo com o gnóstico Komários, "é a experiência transcendental de totalidade que ocorre no mistério de ressurreição após a morte".
Representação simbólica do Unus Mundus

Na minha modesta compreensão de ver o mundo, existem fenômenos que ultrapassam e muito o limiar da nossa consciência e que não podem ser explicados a partir do empírico (sentido experimental), mas que agem de forma significativa na nossa psiquê e trás representações simbólicas desses fenômenos. E como elas agem na nossa psiquê? Através dos arquétipos e dos instintos. O inconsciente coletivo permite que os arquétipos reproduzam fenômenos que inconscientemente atingem nossa vida psíquica e que somente é possível representá-los a partir das imagens arquetípicas que são produzidas, pois o arquétipo per si não é possível ser representado. Atrevo-me a dizer que as potencialidades humanas, como já dizia Platão (Daimon) é um resquício dessas vivências anteriores que, por meio dos arquétipos, manifestam-se e se desenvolvem a partir da vivência humana.

   




fonte: http://www.psicoanalitica.com.br/unus_mundus.htm

5 comentários:

  1. Priscilla, seu blogger veio em boa hora... Precisa-se ter um canal de discussão permanente, onde todos possam opinar, contribuir com debates e valorizar esses estudos que desvendam as muitas faces da Alma Humana. Parabéns pela iniciativa!!!

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  2. Adorei, Pri!!! Muito interessante o tema, vou adorar acompanhar o blog.

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  3. Hoje eu acordei pensando quando foi "o momento do faça-se luz da consciência"; essa consciência que que nos trás a introvisão que nós temos uma alma; onde esta alma tenta entender o por que de está aqui nesse mundo. A minha questão diante deste texto "o unus mundus" é : será que o mundo tinha esse sentido ou esse contexto, e com o faça-se luz da consciência humana, o a transformou em um mundo assim tão dividido? Ruth Silber.

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  4. Oi! Gostei da descoberta do blog! Meu interesse tbm é psicologia analítica, mitologia, religião entre outros. Ontem comecei a ler "O Tao da Física", será uma sincronicidade? rsrsrs

    Tens algum grupo de estudo? Valeu!

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